sexta-feira, 12 de março de 2021

A Leitura que faça sentido

Encontro dia 10/03

No nosso último encontro, os professores coordenadores recapitularam os conceitos em torno da etnografia educacional e fizemos uma interação diferente sobre os artigos recomendados para leitura (O ingresso na prática docente dos letramentos sociais: caminhos para (re) encontros com o mundo da leitura, e Pedagogia Transmídia: Reflexões sobre uma proposta de leitura literária dentro da cultura de convergência). 

A atividade consistia no seguinte: o professor Luiz e a professora Andréa escolhiam um/uma pibidiano/a aleatoriamente e solicitava que ele/ela fizesse uma perguntava sobre os textos para outro/a estudante, e assim sucessivamente, formando um círculo de pergunta/resposta entre nós. Gerou-se um debate bem rico fomentado pelos diferentes pontos de vista (e que se entrelaçavam) sobre etnografia educacional, multiletramentos, e pedagogia transmídia. Outro assunto levantado também foi sobre as leituras clássicas recomendadas pelas escolas e o cânone literário.

O relato de Karolayne Carella Dimonte no artigo "O ingresso na prática docente dos letramentos sociais (...)" e minha experiência de leitura

As reflexões que Dimonte levanta sobre seu percurso quanto a experiência de leitura me foram tocantes, mostrando a relevância da literatura na vida da pibidiana. Ler o caminho literário da estudante enriqueceu ainda mais a leitura do artigo para mim. Destaco o seguinte trecho da página 12 (ou 271):

"Relatos como o de Dimonte instauraram no grupo a vivência de experiência do estranhamento, como denomina a etnografia educacional; estranhamento das crenças, dos sentidos do que antes lhes fora familiar. Em outras palavras, a construção de um outro “eu-leitor” foi desencadeada nesse novo contexto de formação inicial para a docência. Nesse processo de renovação de sentidos, a relação com o texto literário, para além de ser instrumental, pode passar a ter um sentido existencial."

Quando criança, eu adorava cantar, dançar, desenhar e assistir aos VHS da Turma da Mônica,  mas meu primeiro contato (que me recordo) com um livro foi "A Sereiazinha e outras histórias bonitas", de Hans Christian Andersen. A obra está na casa dos meus pais, porém encontrei a sua capa na internet, descobrindo que a edição que li era de 1973. 

O livro tinha muitas gravuras, o que me cativou, mas eram muitos contos reunidos, a maioria longos, então intuitivamente escolhi a história mais curta para ler: "A Pequena Vendedora de Fósforos". Lembro de ler e a reler muitas vezes e todas me fizeram ficar com a garganta apertada, era uma história tão melancólica e grande para o pequeno corpo da Dafhine de mais ou menos uns 8 anos. 

O mais louco disso é que esqueci completamente desse livro depois de entrar no ensino fundamental II, e apenas depois de adulta, esbarrei nele numa gaveta de uma cômoda velha, e juro, eu fiquei tão emocionada ao ler o conto assim como foi na primeira vez. E juro que fico emocionada ao escrever sobre ele agora, não consigo entender exatamente o porquê. Também não sei como esse livro foi parar em minha casa, mas acredito que seja do meu pai, que coleciona muitos livros e revistas antigas.

Acredito que meu segundo contato com literatura foi com os gibis da Turma da Mônica que ganhava do meu tio. Relia-os várias vezes também, se eu tinha 5 revistinhas era muito.

Fazendo essas reflexões, penso o quanto a literatura sempre esteve presente na minha trajetória, e como ela foi se distanciando de mim ao passo que cursava o 6º, 7° ano, etc.; eu era fissurada por notas altas, e receber os parabéns da diretora da escola enchia meu ego. 

E acredito que seja por isso que hoje em dia eu defendo tanto "a leitura que faça sentido aos estudantes, que os sensibilizem" para os leitores de primeira viagem, porque assim foi comigo. Mesmo passando anos fazendo leituras obrigatórias, a arte literária sempre estava à espreita, esperando que eu retornasse. E eu retornei.

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